A leitura que Michel Henry faz da filosofia de Maine de Biran é uma perspectiva sob a qual o corpo humano assume um estatuto ontologicamente diverso dos objetos comuns e relativos, de tal modo que a objetividade do corpo humano é pensada a partir da ideia de magia. Sob que condição — indaga Henry — pode um objeto assumir a significação de ser, para a consciência que o apreende, algo de absoluto? "Sob a condição de não ser um objeto comum, mas, de certo modo, um objeto mágico, cujas características não são idênticas às do meio ontológico no qual esse objeto se manifesta. Tal objeto existe: é o nosso corpo transcendente objetivo" (2012, p. 260). O caráter mágico do corpo, presente nessa alusão ao corpo como "objeto mágico", prende-se ao conceito de magia como objetividade capaz de subjetividade, como nos contos de magia da J. K. Rowling, em que uma varinha é mágica na medida em que é um objeto capaz de ação subjetiva, como a ação de escolher. Portanto, o ser mágico do corpo humano é o agente subjetivo nele entranhado e a ele identificado com a capacidade de interferir na imanente mecânica da realidade a partir de uma exterioridade absoluta, ou seja, a partir de uma subjetividade que nada deve às abstrações mentais e culturais. Afinal, para Maine de Biran, "a subjetividade é real e o corpo é subjetivo" (HENRY, 2012, p. 230, grifo nosso).
Referência(s):COSTA, Israel Alexandria. O corpo biraniano, segundo Michel Henry: material de aula. Arapiraca, AL: Grupo de Pesquisa Gnosiologia, Ética e Informação / CNPq / Ufal - Projeto Web Filosofia, 2021. Disponível em: https://www.gpgeinfo.org/p/hnrcrp.html. Acesso em: 17 abr. 2021.
HENRY, Michel. Filosofia e fenomenologia do corpo: ensaio sobre a ontologia biraniana. Tradução Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Realizações, 2012.
Exercício(s):
a)
405/pl/hnr_crp_mg
b)
405/me/hnr_crp_sjt