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O corpo na filosofia moderna

Geralmente aceita-se que, na filosofia moderna, a identidade entre corpo e miséria existencial é superada para dar lugar a uma outra na qual o corpo aparece como objeto de investigação do sujeito da ciência, assumindo a condição epistemológica da testemunha que responde, por meio de sinais, as perguntas dirigidas pelo "juiz investido nas suas funções, que obriga as testemunhas a responder aos quesitos que lhes apresenta" (KANT, 2001, p. 44). Sob tal condição, o corpo é intimado a comparecer (a) na investigação geométrica de Hobbes (2012), para quem o espaço corporal pode ser matematicamente precisado e o corpo sinaliza para a existência da realidade enquanto algo que, por ser independente da mente, pode ser acolhido como verdade objetiva; (b) na investigação médico-analítica de Descartes (1979), em que a motricidade corporal aparece como resultante de automatismos internos de fundo elétrico, em que o corpo sinaliza para a existência de uma realidade substancial, para algo que, além de ser independente da mente, tem dinâmica própria; (c) na investigação genealógica de Rousseau (1978), em que o corpo acusa a perfectibilidade e a desnaturação de serem instâncias constitutivas do ser humano.

Referência(s):
COSTA, Israel Alexandria. O corpo na filosofia moderna. Arapiraca, AL: Grupo de Pesquisa Gnosiologia, Ética e Informação / CNPq / Ufal - Projeto Web Filosofia, 2021. Disponível em: https://www.gpgeinfo.org/p/cstcrpmdrndd.html. Acesso em: 17 abr. 2021.
DESCARTES, René. As Paixões da Alma. Tradução J. Guinsburg; Bento Prado Júnior. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979. p. 213-94. (Coleção Os Pensadores)
HOBBES, Thomas. Elementos da Filosofia: sobre o corpo. Tradução Marsely De Marco Martins Dantas. São Paulo: Ícone, 2012.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Tradução Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. Disponível em: http://www.deboraludwig.com.br/arquivos/kant_criticadarazaopura.pdf. Acesso em: 13 ago. 2013.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e fundamentos da desigualdade entre os homens. Tradução Lourdes Santos Machado. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978.